quarta-feira, janeiro 09, 2013

A Regra e a Exceção

Mais uma vez li uma frase no Facebook muito triste. Ela diz assim: "Quanto mais conheço os homens, mais admiro os animais ". Infelizmente, é verdade, o mundo está se tornando cada vez mais inóspito, cada vez mais solitário, duro, frio. As pessoas estão adoecendo. Faço essa afirmação com base nas notícias que vemos nos jornais todos os dias. São assassinatos, mortes violentas, pais contra filhos, filhos contra pais, irmão contra irmão. As relações estão ficando cada vez piores, doentias mesmo. Mas nem tudo está perdido!

Não é por causa de uma experiência ruim que tudo está fadado ao fracasso. Não é porque alguns homens são infiéis que não se pode confiar em nenhum deles. Nem todas as pessoas são ruins, nem todos os casais se separam, nem todos os irmãos brigam a ponto de não conversar, nem tudo está perdido. Há um remanescente maravilhoso, fiel, cheio do Espírito Santo, pronto pra transmitir a vida de Deus, pronto para refletir seu amor por Deus pelos outros de uma forma compreensível e visível e para agir como um agente de mudança, provocar nos outros reações inimagináveis, servir de lenitivo, de cura mesmo. Há muita gente cheia de Deus por aí! Não é porque uma, duas, um milhão  de pessoas, num mundo habitado por mais de 6 bilhões, agem mal que todos são em si maus. Não é por isso que todas podem ser comparadas aos animais, ou que os animais sejam preferíveis.

Para corroborar o que estou dizendo, quero citar um texto que falou muito forte ao meu coração esta semana. Estava desde ontem com ele na mente, havia meditado sobre o assunto, quando fui à igreja e ouvi uma exposição com base no mesmo tema: "E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.  E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não têm pastor" (Mt 9:35, 36).

Jesus frequentemente usou exemplos da natureza como uma forma de se tornar mais inteligível, para facilitar a compreensão de sua plateia. E aqui eu quero enfatizar o fato de Jesus ter comparado as pessoas a ovelhas.

A primeira coisa que me chama a atenção na história é o fato de Jesus se comparecer das multidões. As pessoas da época de  Jesus não eram mais fáceis do que as de hoje, as relações não eram mais humanas. Jesus conhecia seus corações, via a maldade que havia nelas. Mas quando olhou pra aquelas pessoas nada fáceis, que em capítulos seguintes chegariam a chamá-lo de Belzebu, mesmo sabendo que iriam traí-lo, enviá-lo à cruz, amou-as. Ele sabia que elas iriam aclamá-lo Rei e depois pedir Sua morte, mas ainda ainda assim, a imagem que fez delas é a melhor possível. 

Que imagem temos dos nossos semelhantes? Se fôssemos compará-los a algum animal, seria a ovelha, o burro, o porco, a cobra?

Jesus olhou para elas e disse que eram como ovelhas. Essa comparação encheu meu coração de alegria, de emoção! A ovelha é um animal lindo, dócil, que necessita de cuidados especiais, que tem pouco a oferecer, que é muitíssimo indefesa. É maravilhoso ter sido comparada a uma ovelha.

Quero lembrar a vocês o que Jesus disse no Salmo 23. Você me pergunta: "Jesus? Não seria Davi"? O que está escrito na Palavra, é dito pela própria Palavra: Jesus, verbo encarnado. Portanto embora seja Davi, Salomão, Moisés, Pedro ou Paulo aquele nomeado como autor de certa carta ou texto das Escrituras, no fundo quem está falando é o próprio Jesus. Ele disse no Salmo 23: "O Senhor é meu pastor e nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente às águas de descanso"... Continua dizendo sobre como Deus cuida de nós, suas ovelhas.

É muito linda essa imagem de olhar para as multidões como ovelhas. O que será que Jesus imaginava? Sabia que precisava levá-las aos pastos verdejantes, cuidar delas, alimentá-las, protegê-las, levá-las até o lugar onde havia água para beber e se refrescar, livrá-las dos lobos até mesmo lutando com eles, dando por elas a sua própria vida. Que linda essa imagem! Repito: não havia no meio daquela multidão apenas pessoas dóceis, boas, gentis, delicadas, mas também muita gente disposta a matá-lo. Mas ele olha e se compadece, decide cuidar delas. 

Quão cheios da personalidade de Jesus somos nós? Estamos cheios de compaixão? O que vemos quando olhamos para as pessoas: o que têm de melhor ou o que têm de pior?

Espero que não olhemos para as pessoas vendo sua maldade. Espero que tenhamos por elas compaixão, pensando sempre no melhor, que podem mudar, que a vida nos maltrata, nos deforma, endurece a nossa casca. Somos modificados pelas nossas experiências, pelos nossos relacionamentos, pelas nossas dores. Quem foi maltratado normalmente maltrata, mesmo sem querer.

A exceção confirma a regra, mas exceções são sempre muitíssimo reduzidas. Há muito mais gente que se pode incluir na regra - ovelha -  do que na exceção.

Espero que você possa dizer: quanto mais conheço as pessoas, mais me compadeço delas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário