segunda-feira, outubro 08, 2012

Delícia

Desta vez começo com o texto da meditação:

Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim. Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. Porém tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça. Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o seu santo monte. Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou. Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam. Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios. A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção (Sl 3:1-8).

Esse texto falou muito ao meu coração hoje. Ainda estou meditando nele, impressionada com o que Davi diz aqui.

Nas Bíblias em que os capítulos têm títulos e comentários está informado que o Salmo aí de cima foi escrito quando Davi fugia por conta da traição de seu filho Absalão. O palácio foi invadido, ele posto para fora. Se encontrado, seria morto. Muitos do que eram pelo rei agora eram contra ele. Em meio a um tempo deprimente, Davi resolve orar e registrar sua oração.

A dor sempre motivou Davi a buscar a Deus. Não sei como você age nos momentos em que tudo parece dar errado, em que você fica profundamente decepcionado com as pessoas ou até mesmo com Deus por não ver as coisas como esperava. Muitos se afastam, perdem a vontade de orar, de ler Bíblia, de ir à igreja. Mas Davi não era assim. Ele corria para Deus e expunha o seu problema. Às vezes, dizia coisas inimagináveis, mas sua sinceridade foi digna de muitos capítulos da Bíblia. Os Salmos que escreveu são um incentivo para nós. Revelam que podemos abrir o coração para Deus, dizer o que vier à mente, pois aquEle que nos sonda sabe o que há dentro de nós e nos ouve com amor e com paciência. Mesmo que digamos coisas que não Lhe agradam, Ele é misericordioso, compassivo e perdoador e não nos trata segundo as nossas iniquidades, mas segundo a multidão, repito: multidão das suas misericórdias. Deus é bom!!! 

A primeira declaração de Davi neste Salmo é para informar ao Senhor que o número dos contrários havia aumentado muito. Ele tinha noção do que estava enfrentando, estava atento aos fatos. Não mascarou, não se iludiu. Ele apresentou ao Senhor uma realidade incontestável: “Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários”! E mais. Ele sabia o que as pessoas estavam dizendo dele: "Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus".

É horrível a sensação de ter sido usado pelas pessoas. Davi era rei, havia feito o bem àquele povo que agora estava contra ele, liderou muitas batalhas, arriscando sua própria vida, mas as pessoas haviam se esquecido de tudo isso. O que diziam é que para ele já era.

Talvez digam o mesmo de você, talvez inventem coisas, talvez não se importem com quem você foi ou com o bem que fez. Mas isso não justifica a autocomiseração, que não ajuda em nada. Não podemos parar a caminhada por conta do que as pessoas dizem de nós. É preciso continuar, mesmo contra tudo e contra todos, contra a própria realidade dos fatos.

Depois de informar ao Senhor, Davi diz ao Senhor o que pensava: “Porém tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça”. Em outras palavras: “Todos estão dizendo que para mim não tem jeito, mas eu sei que quem decide mesmo é o Senhor. E sei que Tu és o meu escudo”. Davi estava dizendo que embora todos estivessem contra ele, no fim, a decisão vem de Deus e ele sabia que o Senhor era o seu escudo.

Essa é a parte mais interessante do texto. Podemos saber o que muitos dizem contra nós, podemos saber os prognósticos, podemos saber que a situação não está fácil para ninguém, mas o que importa mesmo é o que Deus diz a nosso respeito. E o que Ele diz? “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8:31). “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8:33). “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8:35). “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 8.38,39). “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8:37).

Não posso dizer que o que as pessoas dizem não nos afeta, porque seria uma grande mentira. Afeta sim, entristece, sim, quando pensam mal de nós. Mas importa mesmo é o que Deus diz. E por que nem sempre conseguimos nos animar com o que Deus diz? Porque não sabemos, não lemos ou não nos lembramos do que Ele diz. Por isso é tão importante a disciplina espiritual. Hoje acordei meio triste, mas quando abri minha Bíblia nesse texto, fui consolada, lavada, renovada. Meu dia cinza ficou pra lá de colorido.

Nem sempre a situação vai mudar, nem sempre a opinião dos outros vai mudar, nem sempre nossas próprias expectativas vão mudar. Pode continuar tudo igual, mas quando a Palavra vem e nos renova, algo no nosso interior muda e é o suficiente.

Embora nada tivesse mudado, os inimigos continuassem a caminho, as pessoas continuassem falando de Davi, olhe só o que ele fez: “Com a minha voz clamei ao Senhor, e ouviu-me desde o seu santo monte. Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou”. Davi clamou, deitou e dormiu. Só ele mesmo para dormir com esse barulho? Não. Se aprendermos com ele, conseguiremos fazer o mesmo. Aliás, para que você acha que o texto foi escrito? Para o nosso ensino, para que aprendamos a fazer o mesmo.

E continua. Davi ora novamente, não para expor sua lamúria, mas para reafirmar a sua fé. “Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam”. Quero parafrasear novamente. É como se ele dissesse: “Senhor, o número de inimigos continua aumentando, e já estão preparados para o confronto, mas eu não temo”. Que lindo, não é? A situação não mudou, aliás, parece pior, mas não ando por elas: “Porque andamos por fé, e não por vista” (II Co 5:7). E aí Davi apresenta ao Senhor a jurisprudência: o que o Senhor fez no passado, pode fazer novamente: “Levanta-te, Senhor; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios”.

O Salmo termina magistralmente. Davi mostra a que veio, por que era um homem tãõ especial: resolve abençoar e não amaldiçoar. Que lindo! Davi não pede a condenação dos inimigos, que estavam entre o povo, mas a bênção de Deus: “A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção”.

Tenho certeza de que não preciso continuar porque você já entendeu tudo! Jamais lerei o Salmo 3 da mesma maneira. Delícia de Bíblia!!! 



Um comentário:

  1. Amiga, certa vez li no mural do Marcos Teixeira isso: " Lembre-se de que no final do dia... O que realmente importa é o que Deus diz e pensa sobre você."
    Você já parou pra pensar sobre o que Deus pensa e diz a seu respeito? A palavra Dele diz: eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Jeremias 29:11
    Amiga, apesar da distância que a vida e os afazeres nos colocam, te admiro e amo. Bjim!!!

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