terça-feira, setembro 25, 2012

Que presente!

Estou lendo as cartas de Paulo. Dentre os livros bíblicos, são os meus preferidos. Fico impressionada ao ver a atualidade dos conselhos, a universalidade das exortações, a ênfase em alguns assuntos. Um dos que estão em quase todas as cartas – não afirmo que são todas porque não fiz essa pesquisa, mas pode até ser que seja em todas mesmo – é o conselho para que cresçamos na graça, para que recebamos a graça. No início de suas cartas, várias vezes ele saúda as igrejas desejando a elas graça e paz.

Pedro também considerava muito importante esse assunto da graça. Escreveu em seu livro: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo” (II Pe 3.18).

Esse assunto da graça não é muito simples. Muitos a definem como um favor sobrenatural, gratuito, um presente dado a quem não merece. Tudo bem! Ótimo. Mas essa definição nunca foi capaz de tornar esse assunto claro em minha mente. O que seria crescer no favor de Deus?

Ontem meditava sobre o assunto. Então surgiu este post de hoje.

Não sei se você é daqueles que gosta de ganhar presentes ou dos que gostam de dar presentes. Minha mãe é mestre em dar presentes. A lista de natal dela é gigante. Passa tempos preparando, porque não se permite esquecer de ninguém. Tem lembrancinha para todo mundo. E só digo lembrancinha porque ela não ganha muito, porque, se fosse diferente, daria grandes presentes. Ela sabe exatamente o que quer dizer este texto aqui: “Assim, achei necessário recomendar que os irmãos os visitem antes e concluam os preparativos para a contribuição que vocês prometeram. Então ela estará pronta como oferta generosa, e não como algo dado com avareza” (II Co 9:5).

Aliás, esse texto mudou a minha vida. Eu não era uma pessoa nada generosa – não sei se já o sou, mas profetizo sobre mim mesma que sou como Cristo, então também não digo que não sou. Quando li esse texto, fui tomada de um profundo temor que carrego comigo até hoje. Os presentes que dou, as festas que faço, a forma como eu me comporto, como falo, como dou a mim mesma e também presenteio com coisas são sinal da minha generosidade ou da minha avareza? Que Deus tenha misericórdia de mim e, se você já recebeu um presente meu que seja sinal de avareza, me perdoe e se lembre de que estou em obras!

O fato é que dar e receber é uma arte. Nem sempre sabemos dar; nem sempre sabemos receber. Não sei se você já ficou constrangido com algum presente que ganhou e desejou devolver, mas eu já. Isso é próprio de quem faz contas.

Estou me treinando para pensar como Jesus, mas, durante muito tempo, não entendi como Ele foi capaz de elogiar a oferta de uma mulher extremamente pobre e não fazer absolutamente nada para resolver o problema dela. Veja só essa história aqui: “E, sentado frente ao tesouro do Templo, observava como a multidão lançava pequenas moedas no tesouro, e muitos ricos lançavam muitas moedas. Vindo uma pobre viúva, lançou duas moedinhas, isto é, um quadrante. E chamando a si os discípulos, disse-lhes: ‘Em verdade eu vos digo que esta viúva que é pobre lançou mais do que todos os que ofereceram moedas ao Tesouro. Pois todos os outros deram do que lhes sobrava. Ela, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver” (Mc 12.41-44).

Jesus estava em frente ao gazofilácio, observando como as pessoas ofertavam. Então uma viúva – não se esqueçam de que, naquela época, as mulheres eram sustentadas pelos maridos –, uma viúva pobre lançou tudo o que tinha naquela caixinha. Quantas vezes eu não me perguntei: por que Jesus não devolveu? Por que Jesus não correu atrás dela e lhe deu algum dinheiro? Por que Jesus elogiou aquela oferta? Até que entendi que não há ninguém mais generoso do que Deus, por isso, seu Filho jamais atrapalharia a colheita de alguém. O que eu estava pedindo a Ele é que arrancasse do solo a semente que a mulher havia plantado e a devolvesse a ela. E o que Ele fez foi permitir que aquela sementinha se transformasse numa grande árvore que daria a ela tantas frutas, tantas frutas cheias de sementes que jamais faltariam novas unidades para plantar.

Quando o texto diz que precisamos crescer na graça, informa-nos que precisamos crescer na capacidade de receber. Muitas vezes não sabemos receber porque ou não sabemos dar ou comparamos aquilo que recebemos com a nossa própria capacidade. Damos um real de presente de aniversário a alguém. De repente, essa pessoa vem à nossa festa e nos dá de presente cem reais. Temos vontade de enfiar a cabeça num buraco, não é mesmo? Não recebemos bem a generosidade de alguém.

Assim como fazemos com as pessoas, agimos para com Deus. Somos incapazes de receber tudo o que Ele tem para nos dar. Veja só este texto aqui: “Pois nele vocês foram enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, porque o testemunho de Cristo foi confirmado entre vocês, de modo que não lhes falta nenhum dom espiritual, enquanto vocês aguardam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja revelado” (I Co 1:5-7). Fomos enriquecidos em Jesus, mas muitas vezes não queremos usufruir dessa riqueza que Ele nos deu gratuitamente. Por isso, nos esmeramos tanto no fazer. Queremos merecer as dádivas de Deus, mas isso é impossível!

Deus já nos deu tudo de que precisamos. Repito, para que você guarde: Deus já nos deu tudo, absolutamente tudo, tudinho mesmo. “E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra (II Co 9:8). Temos em tudo toda a suficiência. Aliás, temos o suficiente e mais do que o suficiente. E por que Ele nos dá mais do que o suficiente? Para que abundemos em boas obras. Para que façamos muito pelos outros, para que andemos distribuindo às pessoas muito, mas muito mais do que merecem, porque já recebemos muito, mas muito mais do que merecemos.

Não faça as contas. Dê mais do que merecem e aceite de Deus tudo o que Ele já garantiu a você. Você não merece, mas também não tem culpa de ser tão amado. Fazer o quê se Ele resolveu tratar você como predileto?

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