quarta-feira, agosto 15, 2012

Salão de beleza

As aparências enganam - graças a Deus! Estranhou a frase? Provavelmente você ainda não entrou na casa dos "enta". Tudo o que a gente quer quando vai ficando de certa idade é parecer mais jovem. Por isso cresce tanto a indústria de cosméticos. Fico extremamente feliz quando ouço alguém dizer: "Os anos para você não passam"! Este é o lado bom de dizer que as aparências enganam: quando na idade engana para menos e não para mais.

Não é só na idade que a afirmação funciona. Como diz um velho ditado, tem gente que come ovo e arrota caviar. Na sua santa sabedoria, a Bíblia já dizia isso - "Algumas pessoas não têm nada, mas fazem de conta que são ricas; outras têm muito dinheiro, mas fingem que são pobres (Pv 13:7). Por isso é bom não fazer acepção de pessoas. As aparências enganam mesmo.

Li um livro do Augusto Cury chamado O Vendedor de Sonhos. Ele conta a estória de um andarilho que, na verdade, era muito rico. Isso me fez pensar o seguinte: ter e parecer são duas coisas muito diferentes. Uns têm, mas nem parece; outros não têm, mas parecem ter. O fato é que nem sempre o exterior reflete o interior, mas seria muito bom se fôssemos mais transparentes, se parecêssemos com o que de fato somos em muitas áreas.

A mudança que o evangelho propōe é uma transformação interior que se reflete no exterior. Um certo sábio chamado Nicodemos tentou entender isso. E Jesus explicou assim: "Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito" (Jo 3.3-6). O que é nascido da carne é carne e parece mesmo; o que é nascido do espírito é espírito, mas ninguém vê, nem parece.

Quando aceitamos a Jesus como nosso Senhor e Salvador, nascemos de novo. Nosso espírito é recriado e recebemos um novo coração. Passamos a ser uma nova criatura: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (II Co 5.17). Entretanto, toda essa mudança se opera no interior. Quem nos olha não vê nada diferente: o rosto continua o mesmo, a altura e o peso continuam os mesmos, mas sabemos pela fé que já não somos mais os mesmos. Nicodemos tinha a mesma ingenuidade dos incrédulos: como nascer de novo? Assim: recebi a Jesus, cri, nasci de novo e pronto.

Só que a mudança precisa ser efetuada no exterior também. Qual rei gostaria de ver sua filha vestida como uma plebeia? Não estou me referindo a grife, marca, sinais de status. A Disney gosta de explorar o tema de plebeias que se transformam em princesas. Nos filmes, quando estas e seus pais se descobrem, as meninas precisam passar por cursos intensivos para aprender a andar, falar, se portar, se vestir, mudar seus valores. Mudou a filiação? Precisa mudar tudo.

Quando nascemos no reino de Deus, também precisamos passar por intensivos cursos com o Espírito Santo para o mesmo fim. Precisamos aprender a nos portar como filhos do Deus Altíssimo. E isso Deus não faz por nós. Muitas coisas recebemos apenas como um presente: a salvação, a graça, o novo nascimento, a herança dos santos. Outras precisamos nós mesmos conquistar; é o caso da mudança de mente.

Em Efésios 4:24 está escrito: "E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade". O nascido de novo precisa se portar como um novo homem. Para isso, terá de trocar de roupa, precisará se revestir. E como nos revestimos? Quais são as vestimentas? Por onde começar? Começamos nos despindo. E o que precisa ser despido? Tudo aquilo que era mau e fazia parte da velha natureza: mentira, inveja, ira, contenda, blasfêmia, cobiça, fofoca, engano e outras tantas coisas erradas que a nossa consciência sabe muito bem quais são: "Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano" (Ef 4.22). "Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos" (Cl 3.9).

Embora tenhamos nascido de novo, duas pessoas coexistem em nós: um velho homem e uma nova criatura. Deus faz a nova criatura e nós crucificamos o velho homem. É uma obra de parceria. Deus não mata o velho homem, assim como nós não somos capazes de fazer nascer em nós essa nova criatura. Só o Espírito Santo pode fazê-lo. A parte de Deus fica pronta instantaneamente. A nossa é gradual: precisamos matar o velho homem cada dia um pouquinho. E é doloroso mesmo. Paulo disse que era preciso reduzir seu corpo à servidão: "Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado" (I Co 9:27).

É nossa obrigação, ou melhor, de quem quer usufruir dos benefícios da paternidade que Deus nos oferece, nos despirmos do velho e nos vestirmos do novo, mudar de roupa. Devemos nos revestir da armadura de Deus, de novos hábitos, de novos pensamentos, de novas atitudes, de novos sentimentos. E tudo isso se consegue com a oração, jejum, leitura da Palavra, obediência a seus princípios, meditação, esforço, muito esforço.

Antes de encerrar este post, não posso deixar de falar às mulheres. Ninguém gosta mais de uma roupa nova ou de um banho de loja do que as mulheres. Devemos ir sempre que preciso a um bom salão de beleza. Ele é indispensável a nós mulheres, mas precisamos frequentar principalmente o salão de beleza do Espírito Santo. Deus quer adornar-nos e veja só como pretende fazer isso: "O enfeite delas [das mulheres] não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus (I Pe 3.4,5). Confesso que não gosto nada desse versículo, entretanto, preciso obedecer-lhe. E quais são os vestidos que Deus pede especificamente às mulheres? Um espírito manso e tranquilo.

Não sei se você se sente espiritualmente vestido ou pelado, se tem frequentado o salão de beleza do Espírito Santo, se tem trocado todo dia de roupa, abandonado o velho e se deleitado com o novo. Sei que eu preciso disso. Embora salōes de beleza não sejam um lugar que aprecio, eu os frequento. E ao lugar secreto, à sala do trono vou às vezes também sem vontade alguma, mas sempre saio de lá transformada. O espelho da graça me mostra como fiquei mais linda depois de passar um tempo ali.

Vá também ao salão de beleza de Deus. Impossível não gostar da transformação que Ele vai empreender em você: novo sorriso no rosto, alegria no coração, conforto em meio à dor, doçura ao invés de rispidez, segurança em lugar do medo, tranquilidade e não espírito angustiado, paz que excede todo entendimento e muito, muito mais. E sabe quanto custa? Nadica de nada.

Fica a dica!


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