Queixa-se de quê?

"Sem dúvida, Deus é bom - bom para os bons, bom para os de bom coração" (Sl 73.1).

A Bíblia tem uns textos engraçados, não é? Esse aí de cima parece não dizer muito até que a gente pare para pensar a respeito.

Deus é bom, Deus é amor, Deus é compassivo, cheio de ternos afetos de misericórida, Deus é justo, Deus é fiel, Deus é tudo de bom que se possa imaginar. Isso parece óbvio; mas não é.

O texto acima diz que Deus é bom para os bons e bom para os de bom coração. Podem alguns querer inferir que, para os maus e para os de mau coração Ele não é bom, mas vamos nos aprofundar um pouquinho. Vamos tentar entender o que está por trás desse texto.

Em Lucas 6:35 está escrito: "Porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus". Faz parte do caráter de Deus ser bom e também ser imutável. "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Ti 1.17). Não é preciso ter medo de se achegar a Deus, porque Ele não tem crises de humor. Você nunca vai conseguir vê-lO mal-humorado.

Por que, então, tantas pessoas temem se achegar, veem nEle um Deus bravo, pronto para punir, carrancudo? Diria que por dois motivos: ou porque não O conhecem, ou porque querem medi-lO por si mesmas.

Outro dia estava conversando com uma pessoa, falando da bondade de Deus, da maravilha que é servi-lO, quando ouvi a triste pergunta: "Qual é a vantagem de servir a Deus se Ele abençoa os bons e os maus"? Nem acreditei no que ouvi. Na hora pensei: só fala assim quem pensa que não precisa da graça de Deus. Qual é a mãe que quer ajudar apenas o filho bonzinho? Qual é o pai que não faria de tudo para recuperar um filho trabalhoso, perdido, afundado no que não presta?

Quando o texto diz que Deus é bom para os bons está simplesmente querendo mostrar que quem tem bons olhos consegue ver nEle o bem. Quem tem olhos maus, não consegue perceber Sua doçura.

A Bíblia conta, no livro de Lucas, a história de dois filhos insatisfeitos. O primeiro deles disse ao seu pai: "Pai, dá-me a herança que me pertence, porque eu quero gozar a vida longe da sua presença". Ele foi verdadeiro. Saiu, achou que a vida sem o pai era boa, e longe ficou até que se viu derrotado por suas próprias escolhas. Antes de sair, praticamente deu seu pai como morto ao exigir uma herança enquanto seu pai ainda vivia. Na hora do aperto, lembrou-se da bondade do seu pai. Disse: "Quantos trabalhadores do meu pai têm abundância e eu aqui passo fome! Voltarei". Se não reconhecesse que seu pai era bom, que viver ao lado dele, mesmo como empregado, se preciso, seria melhor do que viver em qualquer outro lugar, não teria voltado.

Na mesma casa, morava um outro filho que fazia tudo o que o pai pedia, era exemplar no trabalho, mas também não tinha uma imagem correta do pai. Para esse, o pai era só a autoridade. Ele não conhecia muito do seu caráter, por isso foi capaz de se ressentir de jamais ter recebido deste um animal para matar e fazer um churrasquinho com os amigos. O que lhe disse o pai quando confrontado? "Filho, tudo o que é meu é teu".

Muitos demoram para descobrir a doçura do Pai do céu. Deus é bom e, se não estamos conseguindo ver isso ou se a nossa vida não nos tem levado a essa conclusão, o problema certamente está em nós mesmos. Quase todo mundo já passou pela experiência de julgar uma pessoa, não "ir com a cara" dela e depois descobrir que aquela era uma pessoa maravilhosa. Erramos nos nossos julgamentos.

São as nossas próprias açōes que nos fazer ficar expostos ao mal e não o nosso bondoso Deus. "A falta de juízo é o que faz a pessoa cair na desgraça; no entanto ela põe a culpa em Deus, o Senhor" (Pv 19:3). Nossa falta de cuidado, nossa desobediência às leis de Deus, nosso desconhecimento, nossa falta de maturidade, nossa falta de bom senso têm-nos conduzido a caminhos ruins, mas muitas vezes queremos culpar o Senhor, como se Ele pudesse desfazer Suas próprias leis, que são retas, justas e imutáveis. Semeou o bem? Vai colher. Semeou o mal? Vai colher também.

Você tem algo de que se queixar? "De que se queixa, pois, o homem mortal? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados" (Lm 3:39). Deus não quer nos destruir, não quer nos ver sofrer, não quer nos ver tristes. Tudo o que nos faz mal jamais procedeu dEle. NEle está todo o bem. Analise a sua vida e verá que o mal que enfrenta tem provindo das suas próprias escolhas.

Deus é bom para os bons. Deus é bom para os maus. Deus é bom, mas precisamos de bons olhos para constatar isso. Olhe de novo, cresça em fé, conheça a Deus e você não só verá que Ele é bom, mas se tornará uma pessoa melhor. Deus é bom para os bons!

Feliz último dia de julho!