sexta-feira, março 09, 2012

Cada dia mais perto

Fomos feitos para andar pertinho do Pai. Ele queria nos visitar todos os dias no maravilhoso jardim que tinha preparado para nós. Deu-nos um trabalho imensamente agradável, um menu delicioso que não nos faria engordar, três rios onde poderíamos brincar de mergulhar o quanto quiséssemos. Pensem em como seria maravilhoso dar um grande abraço em um ser estranho que nominaríamos de leão depois de brincar com ele um bocado.

O plano era lindo. Era vida rica, vida em abundância, vida agradável, vida de verdade.

Então começamos a pensar: será que não deveríamos saber mais do que sabemos, ter mais do que temos, ser mais do que já somos?

Perdemos o melhor de tudo: as visitas no jardim. Era tão natural: sentaríamos juntos, veríamos o pôr-do-sol, comeríamos um morango fresco e riríamos muito. Ele nos contaria muito do que sabe, aos poucos, é claro. E nós deitaríamos no seu colo e perguntaríamos a Ele se poderíamos voar um pouquinho mais tarde com Sua companhia, é claro.

Desconfiamos dEle, tivemos vergonha. Escondemo-nos atrás de uma árvore e Ele precisou perguntar: onde está você? E respondemos: tive medo, por isso me escondi.

Tenho certeza de que se tivéssemos corrido ao Seu encontro pedindo desculpas, chorando, pedindo ajuda, teria nos dado uma nova chance. E não fugimos uma vez só. De pouco a pouco, fomos nos distanciando, nos distanciando, parecia um caminho sem volta. Nós o tiramos completamente da nossa vida. Queríamos ainda nos relacionar com Ele, nosso interior sempre clamou por Ele, mas estabelecemos regras para o nosso convívio. Que venha apenas quando chamarmos, que responda somente ao que pedirmos e seja discreto, não interfira.

Chega o momento mais fantástico da história. Ele veio para dizer que sempre nos amou, decidido a provar-nos que faria qualquer sacrifício para resgatar o que um dia foi perdido. Não dissemos que queríamos o Seu amor. Nós O esmagamos, O moemos, cuspimos nEle, descremos, dissemos que estava possuído por um demônio, quisemos Suas bênçãos, mas não Seus ensinos e Sua companhia. E isso não fez para Ele a menor diferença. Não se mostrou ofendido com o nosso descaso. Fez-nos propostas inimagináveis: Vinde a mim todos vós, que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei (MT 11.28).

Foi até as últimas consequências por nos amar. Suportou a mais estúpida de todas as humilhações sem fazer qualquer comentário, a cruz, onde disse: “Definitivamente eu o amo mesmo que você não me ame”.

Ainda hoje espera por nós com paciência, com amor, sem cobranças. Sofre quando O rejeitamos, mas aceita as nossas decisões.

Ah, espero ansiosa pelo dia em que nos encontraremos no jardim!

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