quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Um Zé Ninguém

Gosto de ler biografias, gosto de estudar sobre pessoas extraordinárias. E o mundo está cheio delas. Por todo lado se vê uma, mas é preciso ter doçura dentro de nós para apreciar o mel que há nos outros.

Frequentemente medimos os outros por nós mesmos. Normalmente maridos que traem são mais ciumentos do que os demais justamente porque acham que suas mulheres farão com eles o mesmo. A Bíblia fala: O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más (Mt 12.35). Quem tem olhos bons, simplesmente procura o bem em cada coisas. Quem tem olhos maus, encontra amargor mesmo no favo de mel. Não se pode esperar que ninguém dê o que não tem. Quer saber se uma pessoa é boa ou não? Ouça o que ela tem a dizer a respeito dos outros.


Bom, adentremos o assunto. Hoje estava lendo sobre uma pessoa extraordinária: José, o “pai” de Jesus. A Bíblia fala muito pouco a seu respeito, mas o simples fato de ter sido ele o escolhido para criar Jesus diz muito. José não está na vida de Jesus por acaso. Deus não escolheria apenas Maria, até mesmo porque, numa sociedade patriarcal, as mulheres tinham muito pouca expressão. Jesus deveria ser criado por um homem e não poderia ser um qualquer. Quem exalta somente Maria está redondamente enganado. Quando as mulheres casam mal, toda a família sofre. Certamente Maria era extraordinária, e José não ficava aquém.

Transcrevo aqui o texto que me chamou a atenção: José, com quem Maria ia casar, era um homem que sempre fazia o que era direito. Ele não queria difamar Maria e por isso resolveu desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Enquanto José estava pensando nisso, um anjo do Senhor apareceu a ele num sonho e disse: ‘José, descendente de Davi, não tenha medo de receber Maria como sua esposa, pois ela está grávida pelo Espírito Santo’ (Lc 1.19,20).

Quando a Bíblia elogia alguém, o assunto é sério mesmo. E o versículo diz que José era um homem que sempre fazia o que era direito. Quantas pessoas você conhece que se encaixariam nessa descrição? José foi escolhido a dedo. Quando li isso, fiquei pensando: que definição a Bíblia me daria? Será que mereceria algum elogio? Que Deus tenha misericórdia de mim!

Não foi exatamente esse elogio que mais me impressionou. Foi o fato de, mesmo sabendo que o filho não era dele, mesmo tendo que esperar até saber de todos os fatos, José decidir não pôr a boca no trombone. Por muito menos, muita gente já foi crucificada; por muito menos, muita gente já foi machucada; por muito menos, já destruíram a honra dos outros. Quanta grandeza em José! Sairia “prejudicado”, “decepcionado”, “frustrado”, mas não devolveria “na mesma moeda”.

Não é por acaso que as pessoas vão parar na Bíblia. José pouparia Maria. Pergunto: você faria o mesmo ou pagaria uma matéria num jornal de grande circulação para contar para o mundo “quem era a mulher” com quem você pretendia se casar? Olhe a continuação do texto: resolveu desmanchar o contrato sem ninguém saber.

Conheço pessoas assim cheias dessa bondade. Fui criada por uma delas. Meu pai é assim, uma pessoa muitíssimo especial. Paga para não entrar numa briga, sofre o dano, sabe esperar pela justiça divina. Espero muito me parecer cada dia mais com ele. Que belo exemplo tenho em casa!

Pessoas como José são chamadas de otárias, passivas, manés... Tornar-se alguém assim custa caro, muito caro. Isso é evangelho. É preciso crer que Deus vai recompensar, é preciso calar a voz da justiça própria, é preciso chorar a dor de ter sido apedrejado por gente que não teria o direito de ter jogado a primeira pedra, que tem telhado de vidro. Os Josés, em sua grandeza, jamais furariam o telhado alheio, mesmo tendo razão para fazê-lo.

Congratulações, José. Você tem toda a minha admiração! Muitos o chamariam de Zé Ninguém, mas, para mim, você é O Cara!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário