segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Deixa pra lá.

Todos nós um dia já fomos decepcionados por alguém. E não é que as pessoas sejam más. É que todos temos defeitos, traumas, dias bons, dias maus. Agimos precipitadamente, sem pensar, conhecendo as questões apenas parcialmente, com base em opiniões alheias, influenciados por forças do mal. Mesmo sem querer, erramos, erramos e erramos, mesmo tendo boas intenções.


Não quero pensar naqueles que me decepcionaram, mas naqueles a quem eu decepcionei. Também tenho quase sempre a melhor das intenções, mas, às vezes, digo o que não quero até mesmo por um descuido.


O que esperar das pessoas a quem decepcionei? Nada. Só Jesus é Deus, só Jesus é amor, só Jesus é Jesus. Sei que, em muitos casos, depende de mim a restauração do relacionamento, mas nem sempre isso dá certo. Pedidos de perdão não são a garantia de que tudo voltará a ser como antes. Pessoas criam suas próprias leis, suas próprias justificativas, suas “jurisprudências”.


Talvez muitas das nossas dores diminuam quando resolvermos minimizar os nossos melindres. Somos algozes e vítimas, feitores e escravos, o máximo e o mínimo, o melhor e o pior, o remédio e o veneno e tudo isso ao mesmo tempo. E se nós assim o somos, devemos permitir que os outros o sejam também. Se esperamos desculpas, precisamos desculpar.


Jesus é simplesmente extraordinário. Veja só o que está escrito em Jo 6.64: Jesus disse isso porque já sabia desde o começo quem eram os que não iam crer nele e sabia também quem ia traí-lo. Jesus sabia todo tempo quem não ia acreditar na sua pregação, mas gastou tempo com essas pessoas e não se estressou com elas. Quando elas se achegavam, Ele as recebia. Quando sentiam fome, multiplicava a comida e as alimentava até que estivessem plenamente satisfeitas. Quando estavam doentes, curava. Quando queriam ouvi-lO, simplesmente permitia que elas se aproximassem. Como não amar alguém assim?


Ele nos disse para amarmos os nossos inimigos e ainda perguntou: Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os pecadores amam aos que os amam. E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os pecadores agem assim (Lc 6.32,33).


O texto continua dizendo que Ele sempre soube, desde o princípio – preciso dizer de novo: desde o primeiro dia, a primeira hora –, quem iria traí-lO. Não deu uma indireta, não o segregou, deixou até mesmo que ele O beijasse. Quanta dor receber o beijo da morte! Imagino que deva ser muito pior do receber que o tapa da morte. Uma bofetada doeria muito menos. Penso que o fato de Judas beijar Jesus nos diz bem o nível de intimidade que Ele permitiu ao traidor.


Jesus conseguiu amar o mundo inteiro, amar até o fim, amar até suar sangue, amar até furar, até doer, até moer, até sangrar, até morrer. Não era amor pelos mais bonitinhos, pelos mais cheirosos, pelos mais capacitados, pelos mais santos, pelos mais prováveis de seguirem seus ensinamentos. Era amor com dor mesmo, amor sofrido (como diz uma música que amo do grupo Estilo de Vida).



É esse tipo de amor que Ele me propõe. E pode até parecer que sou incapaz de amar nessa profundidade, nessa doçura, nessa entrega, mas não é verdade. Todos os que têm o Espírito de Deus podem amar como Jesus amou, porque o Seu próprio amor foi derramado no meu e no seu coração e só precisamos deixar fluir. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5:5).



Esquecer as diferenças; lembrar que somos humanos, por isso falíveis; considerar que muitas vezes ferimos porque já estamos feridos e cada um só pode dar o que recebeu; saber que o bem que fazemos aos outros, no final, volta para nós mesmos... tudo isso pode nos ajudar a desenvolver a nossa capacidade de amar. E o principal: deixar-se ser possuído pelo Espírito Santo de Deus.


Eis-me aqui, Senhor! Ama através de mim!



(Segue aqui embaixo a música a que me referi. Não deixe de ouvir.)

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