terça-feira, janeiro 10, 2012

Parece um fantasma

E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo. Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus (Mt 14:26-30).

Parece roteiro de filme, mas não é.  Trata-se de uma história real vivida pelos discípulos de Jesus. Cansados, depois de atender a uma multidão que não soltava Jesus porque queria receber curas e ver os milagres, eles foram convidados a entrar num barquinho e esperar pelo Mestre no mar. Jesus ficaria com o trabalho complicado: desvencilhar-se da multidão.
E lá foram eles sozinhos, esgotados depois da experiência de servir a multidão que comeu dos pães e peixinhos multiplicados por Jesus. Serviram o povo, recolheram as sobras, cansaram-se de ver gente. Eu os imagino no barco conversando e olhando a tempestade que se tornava cada vez pior. Eles viram Jesus acalmar as tempestades de outros, mas agora era a hora de mostrar que tinham aprendido a lição e enfrentar as deles próprios. O mar se enfurece, o céu escurece, o dia vai embora, falta a companhia de quem resolveria o problema. Onde estava Jesus? Por que demorava tanto?

Como é fácil nos metermos nas tempestades dos outros! Temos muitos conselhos a dar. Aos nossos olhos, a vida dos outros é moleza. Como eles não vêem o que vemos? Por que não fazem o que lhes dizemos? Seria tão fácil resolver os problemas dos outros! E posso falar: muitas vezes damos grande ajuda mesmo.

Mas chega a hora em que infelizmente a tempestade se forma em volta de nós. Quem está conosco dela participa, mas sabemos que ela é totalmente nossa. No começo parece uma pequena onda que vai passar logo, logo. Então olhamos para o céu e vemos tudo escuro. Vai ficando mais tarde, mais tarde e mais tarde para enfrentar o problema, para voltar à praia. E o Mestre? Parece que nem vai aparecer. Demora.

Então lá longe se vê um vulto branco vindo na direção. Os discípulos chamam uns aos outros para que vejam. O que será aquilo? Será que alguém está vendo melhor, está enxergando mais longe, poderia dizer do que se trata? Mas não. Ninguém tem respostas, ninguém enxerga claramente. E quanto mais se aproxima, mais medo dá – E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma.

E lá vem Pedro, medroso, mas menos do que todos. O suficiente para questionar aquela imagem que mais parece um fantasma. Está vestido como um fantasma, anda como um fantasma, só que tem outro nome. Chama-se Livramento. Pedro ouve do Senhor a resposta: Tende bom ânimo, sou eu, não temais. E pede confirmação: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas. E vive uma experiência grandiosa: anda sobre o mar. Só um pouquinho, mas anda. Dizem que foi covarde. Mentira. Foi o mais corajoso dos discípulos.

Nós também precisamos limpar nossos óculos para ver direito. Parece um fantasma, mas é livramento. Quando estamos em apuros, Deus vem. Ele sempre vem. Demora, porque quer mesmo que contemos a todos que por alguns breves instantes andamos sobre as águas. Então olharão para nós e apontarão: aquele ali foi o que andou sobre as águas. Os invejosos dizem: “Mas foi só por cinco segundos”, mas têm que se dobrar. Que andou andou. Inveja mata.

Aguenta firme. Olhe direito. Não é um fantasma. Jesus sempre chegará a tempo de acalmar a tempestade e fazer de você aquela famosa pessoa que sobreviveu ao pior dos temporais sabe como? Fazendo o impossível: andando sobre as águas.

Bom-dia!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário