sexta-feira, setembro 17, 2010

Causa e Efeito



Para cada ação há uma reação correspondente. Essa é uma lei da física, daquelas que a gente aprende na escola com fórmulas, cálculos e fica nervoso na hora de responder na prova.

Gostaria de dizer que isso é óbvio em relação às amizades, mas é uma pena. Simplesmente não posso.

Infelizmente o valor da semente depende também da terra. Você pode pegar a melhor semente que tiver, cuidar dela com carinho, preparar a terra, ter cuidado ao plantar, mas se frustrar com o resultado. Às vezes, a semente morre simplesmente porque a terra não era boa, não tinha os nutrientes necessários. Mesmo que você regasse, regasse e regasse, simplesmente não produziria.

Assim são os corações. Nem sempre as nossas boas ações culminam em boas reações por parte de quem as recebe. Embora nossas intenções sejam as melhores, às vezes o tiro sai pela culatra. Não vou dizer que não temos culpa nesse processo, porque, na verdade, dizem que a gente só vê o que quer e que muitas vezes nos deixamos enganar.

Não há como controlar tudo. Não há como saber o que os outros estão pensando, como estão recebendo nossas sementes, que tipo de frutos produzirão – se é que produzirão. Não há como prever alguns acidentes, não há como prevenir certas doenças, não há como engolir a palavra falada, não há como disfarçar a ira já manifesta. Mas há como sair do ringue, se dar por vencido, se desculpar pelo que não fez, se deixar humilhar, irar e não pecar.

Não há como saber de que forma o outro reagirá a mim. Quero muito plantar boas sementes, mas sei que nem todo solo estará preparado para recebê-las. Alguns receberão com alegria e comemorarão comigo os meus progressos. Alguns serão totalmente indiferentes, porque a estes não fui enviada, jamais farei parte da história deles, minha presença ou ausência em nada acrescentará. Para outros, mesmo as minhas melhores intenções parecerão pura falsidade.

O que fazer então? Parar de semear?

Embora eu não tenha controle algum sobre as reações dos outros em relação a mim, sou responsável pelas minhas reações em relação aos outros. Não posso mudar ninguém, mas posso e devo transformar a mim mesma. Transformai-vos pela renovação da vossa mente(Rm 12:2). Eu achava que a maior prejudicada quando eu era incompreendida era eu mesma. Hoje já não penso mais assim. O maior prejudicado é quem não me compreendeu, porque, na verdade, está perdendo o que poderia ter com a minha amizade. Não pense que sou orgulhosa (embora eu o deva ser). Apenas cheguei à conclusão de que todo mundo tem algo a acrescentar à vida de alguém, inclusive eu.

Resolvi prestar mais atenção nas minhas reações. As pessoas sentem o que pensamos sobre elas, mesmo que isso não seja externado. Carregamos conosco uma atmosfera. Não importa como você chama isso: empatia, astral, graça. O fato é que quando chegamos a algum lugar a nossa aura permeia o ambiente.

Fazer o bem quando se recebe o mal é doloroso, mas é um exercício maravilhoso para o crescimento pessoal. Hoje aprendi mais uma. Jesus falou sobre perdoar setenta vezes sete num único dia. Sempre pensei que isso significava receber quatrocentas e noventa ofensas e perdoar a cada uma. Agora penso que é perdoar o mesmo fato nas quatrocentas e noventa vezes que ele vier à memória. Simplesmente repetir para si: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.

Continuarei distribuindo as minhas sementes, mas muito mais preocupada com o solo do meu coração do que com os solos que estão recebendo o que lhes envio. Espero que qualquer um que me encontrar seja um pouco mais feliz simplesmente porque esteve comigo. Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens (Rm 12.18).

Espero ter um coração bom o suficiente para celebrar cada boa semente que receber e para, mesmo recebendo um agrotóxico, não me deixar contaminar. Espero que se cumpra em mim Gálatas 6.9: E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.

Seja feliz e distribua boas sementes!

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